domingo, 3 de fevereiro de 2008

Graça Morais



Erotismo e Morte, 1985, pastel e carvão s/lona, 158x230 cm



Licenciada pela Escola Superior de Belas Artes do Porto. Com outros artistas e críticos de arte funda o grupo Puzzle. Encontra-se exposta nos museus Alberto Sampaio, Guimarães (1974); Arte Moderna do Río de Janeiro (1985) e Espanhol de Arte Contemporânea, Madrid (1987).


Dentro da figuracão, apresenta-nos o corpo e algumas das suas possíveis manifestacções. De forma subtil oferece-nos uma ampla gama de situações rituais a que os corpos estão expostos. Deparamo-nos com figuras sofredoras, melancólicas ou alegres. Figuras que realizam as suas tarefas quotidianas ou que são captadas em momentos congelados da sua actividade.

A pintora mostra-nos os componentes ocultos do que a vista desarmada nos oferece. Através de uma fina arquitectura ensina-nos que por trás de um gesto, de uma mão captada a meio de um trabalho existe uma vida interna complexa que o olhar desta artista é capaz de desocultar.

Penetrar na sua obra é entrar no mito dos rituais que ainda prevalecem no Portugal contemporâneo.

A paisagem de Trás-os-Montes está bem patente aqui, sem complacências regionalistas: sentem-se as folhas secas, o sange-vivo, a pedra e o mundo vegetal, raíz e ninho. Antigo como a angústia de homem! Suspenso entre o grito do desejo e o sorriso de uma calma oferecida à morte.

É uma Arte de efectiva modernidade. É de sonhos sem idade, que a obra de Graça Morais nos fala, reflectindo o que somos no descobrir de uma ancestralidade silenciosa a que ela dá voz, de uma terra-mãe, na nossa verdade íntima e secreta. Com ela cumpre-se , pois, em plena juventude, a função essencial da arte de sempre.

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